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O plano da CBMM para duplicar suas vendas

8 de setembro de 2021

A mineradora brasileira de nióbio CBMM incrementou os investimentos previstos para os próximos anos para apoiar o crescimento da produção e também para diversificar suas operações. Com a rápida expansão dos veículos elétricos em muitos países, a CBMM busca aumentar a aplicação mundial de nióbio em baterias.

BNamericas conversou com Rodrigo Barjas Amado, diretor de estratégia e desenvolvimento de novos negócios, sobre os detalhes do plano de investimento de capital da empresa e também sobre outros temas como fusões e aquisições e a pandemia de covid-19.

BNamericas: Qual é o plano de negócios da CBMM para os próximos anos?
Amado: Primeiro, vale esclarecer que a CBMM não é realmente uma empresa mineradora, somos uma empresa de tecnologia de nióbio que promove seu uso para diferentes aplicações. Nosso DNA é implementar a tecnologia desde o início dos processos e trabalhar para desenvolver a aplicação do nióbio em todo o mundo. Neste momento, nossa principal fonte de recursos provém da comercialização de ferro-nióbio ao setor siderúrgico, que representa 90% de nossas vendas. Os 10% restantes dos recursos provêm de outros segmentos com aplicação de nióbio, como as áreas aeroespacial, magnética e de semicondutores. Nos próximos 10 anos, planejamos duplicar nosso tamanho. Este ano se espera que nosso volume de vendas alcance as 90.000t. Dentro deste plano está a diversificação empresarial. Se hoje 90% de nosso negócio é ferro-nióbio, em 10 anos queremos que represente entre 60% e 65% de nossos recursos.

BNamericas: Em que segmentos se produzirá este crescimento?
Amado: Em nossa estratégia, focamos em áreas de rápido crescimento no mundo. A área que identificamos primeiro foi a denominada eletrificação. A tendência da eletrificação chegou para ficar e vemos oportunidades para o uso de nióbio em baterias, o que garante um melhor rendimento e estabilidade. O nióbio oferece maior duração para a bateria, capacidade de carga mais rápida e mais segurança. As possibilidades são enormes com os ônibus e caminhões elétricos. Creio que em termos de recursos, esta parte da bateria poderia representar entre 25% e 30% para nós. Além desta área, também estamos analisando o segmento de materiais magnéticos para motores, a aplicação de nióbio em centros de dados e setores de energias renováveis, todas áreas que estão crescendo exponencialmente.

BNamericas: Vocês manterão sua estratégia para adquirir startups?
Amado: Vemos isso como veículos de inovação. Quando adquirimos startups, compramos conhecimento, quando compramos uma startup ou formamos uma associação com universidades, estamos comprometidos com a inovação. Criamos alianças com mais de 40 universidades. Além disso, temos cerca de 400 clientes e com nossos clientes mais importantes temos projetos conjuntos de inovação. Respondendo a sua pergunta, queremos fazer mais investimentos em startups para acelerar nossos ciclos de conhecimento. Mas também temos nosso próprio desenvolvimento de novas tecnologias, desenvolvemos inovações para agregar valor a nossos clientes. Não posso dizer qual é nosso pressuposto para as compras de startups, mas a ideia é buscar sempre trazer mais inovação à empresa, enquanto ajudamos essas firmas a terem uma visão mais corporativa. O que estamos estudando são as startups que se centram na parte de eletrificação que mencionei, relacionada com as baterias. Outra tendência que também estamos começando a observar é a eletrificação dos motores.

BNamericas: Onde estão as principais fronteiras para a expansão global de veículos elétricos?
Amado: Os mercados que têm liderado isso são China, Europa e Estados Unidos, com a Europa ameaçando tomar a liderança da China. Queremos estar bem posicionados nessas regiões. Aqui no Brasil vemos iniciativas positivas para o desenvolvimento do mercado de veículos elétricos, mas o potencial aqui tende a estar mais vinculado aos veículos comerciais. Além disso, a energia renovável nos apresenta uma oportunidade devido à aplicação do nióbio em projetos de energia solar e eólica. O hidrogênio também é um setor que está em nosso radar, mas creio que os projetos vinculados ao hidrogênio verde ainda tardarão uns 10 anos para se materializar. Europa e Ásia lideram essa área.

BNamericas: Como você vê os efeitos da pandemia nas operações atuais da empresa?
Amado: Os piores efeitos da pandemia parecem ter ficado para atrás. A crise sanitária afetou em grande medida os setores automotor, de petróleo e gás, que utilizam materiais de aço. Mas nos demos conta de que a recuperação do mercado também foi bastante rápida.

 

Fonte: BNamericas, 3/9/21 – www.bnamericas.com/es/entrevistas/el-plan-de-la-minera-de-niobio-cbmm-para-duplicar-sus-ventas